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Aplicativo permite saber se marca usou trabalho escravo

trabalho escravo

ONG lançou ferramenta para ajudar os consumidores a comprarem roupas de forma consciente

Ao comprar uma roupa, não basta escolher a cor e o modelo. Mais importante ainda é verificar o tipo de mão de obra usado da confecção e se certificar de que a peça é produzida de maneira responsável. Para ajudar o consumidor a fazer sua compra consciente, a ONG Repórter Brasil lançou o aplicativo Moda Livre, que avalia medidas que as principais empresas de moda do país adotam para combater o trabalho escravo. Atualmente, a ferramenta monitora 45 empresas, entre grandes redes de varejo e grifes nacionais.

Só no ano passado, o Ministério do Trabalho resgatou 2.063 funcionários em condições análogas à escravidão, sendo que desse total 50% estavam no meio urbano. Atualmente, a Lista Suja do Trabalho Escravo, elaborada pelo ministério, conta com 609 infratores, entre pessoas físicas e jurídicas com atuação nos meios rural e urbano.

Para gerar os resultados do aplicativo, a ONG convidou todas as companhias a responderem questionário que avalia as políticas da empresa, as medidas adotadas para fiscalizar os fornecedores (confecções), ações de transparência e o histórico de envolvimento em casos de trabalho escravo.

As respostas renderam pontuação e, com base no resultado, as empresas são classificadas em três categorias de cores: verde, amarelo e vermelho. Aquelas que não responderam foram automaticamente incluídas na categoria vermelha.

Entre as redes de varejo, a C&A foi a única que obteve a classificação verde, que representa não ter problemas. Marisa, Renner e Riachuelo tiveram pontuação intermediária, enquanto a Leader teve nota vermelha, por não informar quais medidas adotou contra o trabalho escravo.

Informação é fundamental

A C&A conseguiu a melhor classificação em função da sua transparência. Segundo o aplicativo, a empresa divulga na internet as infrações identificadas, como casos de trabalho infantil e de pagamento abaixo do salário mínimo. Em nota, a rede informou que faz o monitoramento de toda a sua cadeia de fornecimento, por meio da Socam, empresa de auditoria do grupo.

A Marisa, por sua vez — que teve classificação amarela após o Ministério do Trabalho encontrar trabalhadores bolivianos em condições análogas às de escravidão em uma confecção fornecedora — ressaltou, em nota, que foi mantida a decisão judicial que isenta a companhia da responsabilidade sobre esse caso. Informou ainda que já investiu mais de R$ 2,5 milhões em auditorias.

Já a Leader, que recebeu a nota vermelha, informou que tem controles próprios e audita sistematicamente os seus fornecedores.

A rede de lojas Renner informou na quinta-feira (21), por meio de nota, que tem o controle de sua cadeia de fornecedores por meio de auditorias periódicas executadas através de equipe própria e de empresas independentes. “A Companhia também é signatária da Certificação de Fornecedores da ABVTEX e, em 2013, aderiu ao Pacto de Erradicação do Trabalho Escravo e Pacto Global”, esclarece a nota.

A rede Riachuelo também foi procurada, mas até o fechamento da edição não havia se pronunciado.

Coordenador da Repórter Brasil, Leonardo Sakamoto conta que sempre houve cobrança para que o consumidor agisse de forma responsável, mas não se garantia a informação necessária para isso. Segundo ele, muitas vezes as próprias empresas não têm conhecimento do que acontece em sua cadeia produtiva.

“As companhias se preocupam com as questões trabalhistas, mas a maior parte ainda não aplica políticas suficientes para combater o trabalho escravo”, avalia.

Fonte: O Dia

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